Palavras são Magia: Como Escrever Me Salvou da Escuridão
Uma história real sobre afundar, quase desistir… e transformar dor em palavra.
"O Armagedom não é forte o bastante pra colocar fim ao sofrimento."
Essa foi a frase que me atravessou como um raio, abrindo espaço para uma narrativa que talvez seja também a de muita gente. Um homem em queda, um coração em ruínas, uma mente tentando se reconstruir depois de anos esquecendo de si mesmo.
Quando a dor vira rotina
Durante mais de 10 anos, me perdi. Tentei viver uma vida “normal”, apagar partes de mim para caber no molde. Mas ser diferente cobra caro. E a mistura entre sofrimento biológico, psicológico e social me trouxe até o fundo do poço — escuro, silencioso e sem saída.
Tive que me encarar. E ali, sem forças, sem heróis, sem salvação externa… entendi que talvez a única saída fosse desistir.
Uma separação. Um casamento falido. Amizades que viraram pó. Famílias desfeitas. O sentimento de ser zombado, julgado, ridicularizado, exposto. E mesmo dizendo que não me importava… eu me importava sim. Com o que alguns diziam. Com o que restava de mim.
Eu me enterrei numa vala.
E lá dentro, fui esquecendo de respirar.
O peso de continuar
Palavras como "superação", "cura" ou "fé" viram clichê quando você não consegue mais sair da cama. A dor vai se acumulando até virar concreto. E então a vontade de viver simplesmente… desaparece.
Não é drama. É real. É frio. E é comum demais.
Pensei em desistir. Pensei em sumir. Pensei até em calar tudo pra sempre. Mas então, um fio de sentido me chamou de volta.
E esse fio tinha nome: Mikael
26 de fevereiro de 2020
Uma carta para meu filho:
Oi, meu filho.
Mikael. Seu nome é lindo. Sua mãe diz que foi ela quem escolheu… mas, na verdade, fui eu.
Você era tão pequeno quando chegou ao mundo. Cabia na palma da minha mão. A gente te esperou com amor, e quando você veio, a vida chegou junto.
E isso foi fantástico.
Sim, ainda dói. Mas lembrar de você me devolve, mesmo que aos poucos, a vontade de respirar. De tentar. De existir, mesmo em silêncio. Mesmo cambaleando.
Porque no fim, escrever é resistir
As palavras me salvaram. E se você chegou até aqui, talvez elas estejam te salvando também.
Se você estiver enfrentando algo parecido, procure ajuda. Não se cale. Não desista. Escrever, chorar, conversar — tudo isso é humano. E necessário.
A vida é cruel às vezes. Mas também é teimosa. E talvez, só talvez, ela ainda tenha alguma beleza reservada para nós.
🎵 Essa dor virou canção.
Se quiser ouvir o que não coube aqui em palavras, escute minha música “Último Dia”.
Talvez ela diga exatamente o que você sente — e não sabe como dizer.
